O nervo vago é um componente importante do sistema nervoso autônomo, uma vez que atua na regulação da homeostase metabólica e desempenha um papel fundamental no eixo neuroendócrino-imune, para manter a homeostase através de suas vias nervosas. Estimulação do nervo vago (VNS) refere-se a qualquer técnica que estimula o nervo vago, incluindo a estimulação manual ou elétrica.

A VNS cervical esquerda é uma terapia aprovada para a epilepsia refratária, uma condição neurológica crônica, caracterizada por crises epilépticas, devido a uma descarga elétrica anormal e excessiva de um grupo de neurônios, quando resistente ao tratamento.

Veja neste artigo mais informações sobre esta técnica cirúrgica e conheça suas indicações.

A Estimulação do Nervo Vago

Os componentes do sistema nervoso autônomo (SNA) controlam e regulam a função de vários órgãos, glândulas e músculos involuntários por todo o corpo (incluindo vocalização, deglutição, frequência cardíaca, respiração, secreção gástrica e motilidade intestinal).

O nervo vago (ou nervo craniano X) é um nervo misto composto de 20% de fibras “eferentes” (enviando sinais do cérebro para o corpo) e 80% de fibras “aferentes” (transportando informações do corpo para o cérebro). Uma função importante do nervo vago é a transmissão e/ou mediação de informações sensoriais de todo o corpo para o encéfalo.

Os nervos vago direito e esquerdo saem do tronco encefálico e cursam através do pescoço, parte superior do tórax (ao longo da traqueia), parte inferior do tórax e diafragma (ao longo do esôfago) e na cavidade abdominal. Durante esse curso, os ramos enervam diversas estruturas, como a laringe, a faringe, o coração, os pulmões e o trato gastrointestinal.

Estimulação do Nervo Vago – Histórico

O termo “estimulação do nervo vago” pode ser usado para descrever qualquer técnica que estimule o nervo vago. Uma observação feita pela primeira vez na década de 1880, foi que a massagem manual e a compressão da artéria carótida na região cervical do pescoço poderiam suprimir as convulsões, um efeito atribuível à estimulação bruta do vago.

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Estudos elétricos de VNS foram realizados durante as décadas de 1930 e 1940 para entender a influência do SNA na modulação da atividade cerebral. Várias formas de respiração compassada também podem influenciar a atividade elétrica do cérebro, que pode ser mediada por VNS decorrentes do diafragma.

A estimulação cardio-respiratória do nervo vago pode explicar alguns dos benefícios emocionais e cognitivos positivos da respiração profunda, ioga ou atividades de exercícios aeróbicos. Ensaios clínicos dedicados acabaram por levar à aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos de um dispositivo de VNS implantado, indicado para o tratamento da epilepsia refratária em 1997.

Estimulação do Nervo Vago – A Cirurgia

O uso clínico mais comum da VNS envolve a implantação cirúrgica de um dispositivo gerador de pulsos programável. A cirurgia de implante é realizada sob anestesia geral. O gerador é implantado subcutaneamente na parte superior do tórax esquerdo ou na margem axilar esquerda. O fio-eletrodo do eletrodo é conectado ao nervo vago médio-cervical esquerdo por meio de uma segunda incisão na área esquerda do pescoço. O fio condutor é passado através de um túnel subcutâneo e conectado ao gerador de pulsos.

Um computador portátil programa os parâmetros de estimulação do gerador de impulsos através de um dispositivo de programação, colocado na pele sobre o dispositivo. Os ajustes iniciais para os parâmetros podem ser feitos para otimizar a eficácia (para controle de crises ou para controle de outros sintomas, dependendo da indicação) e tolerabilidade. O gerador funciona continuamente, mas os pacientes podem desligar o VNS temporariamente segurando um ímã sobre o dispositivo e o VNS pode ser ligado e desligado pelo programador.

Riscos e Efeitos Adversos

Possíveis complicações cirúrgicas incluem infecção da ferida e rouquidão (devido à paralisia temporária ou permanente das pregas vocais esquerdas), que ocorre em cerca de 1% dos pacientes.

Os efeitos adversos da ENV são principalmente relacionados à estimulação e, portanto, experimentados por curtos períodos intermitentes de tempo. Possíveis efeitos adversos podem estar relacionados à estimulação de qualquer estrutura do corpo enervada pelo nervo vago, mas 80% das fibras são aferentes e esses pulsos elétricos são propagados a partir do ponto de ligação ao cérebro, e não ao corpo.

A estimulação do nervo vago médio cervical mais comumente causa alteração na voz, tosse, dispneia, disfagia e cervicalgia ou parestesias. Os parâmetros de estimulação podem ser ajustados para tornar os efeitos adversos mais toleráveis, mas a tolerância geralmente ocorre com a estimulação crônica. Estudos mostraram que a terapia VNS é eficaz, segura e bem tolerada também em pacientes pediátricos.

VNS é seguro e compatível para uso em conjunto com substâncias psicotrópicas e com eletroconvulsoterapia (ECT). A ressonância magnética de corpo inteiro não pode ser feita com implantes VNS, mas as ressonâncias magnéticas da cabeça são possíveis usando uma bobina de transmissão/recepção. Ondas curtas, microondas ou diatermia por ultrassom terapêutico não devem ser usados, mas a ultrassonografia diagnóstica é segura. Detectores de metais, fornos de microondas, telefones celulares e outros dispositivos elétricos ou eletrônicos não afetarão a VNS.

Esta abordagem terapêutica consiste em uma cirurgia simples, e como não é necessária intervenção intracraniana, chama mais atenção dos pacientes. No entanto, deve ser realizada em centros especializados em cirurgia de epilepsia, por uma equipe qualificada, para garantir os melhores resultados.

Artigo publicado em: 05/04/2017.

Artigo atualizado em: 17/06/2019.

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Última data de revisão: sexta, 29 de mar�o de 2024