Anemia Falciforme e Dor Crônica. A dor crônica é o sintoma mais prevalente da anemia falciforme e é resultado da obstrução de pequenos vasos sanguíneos, provocada pelo afoiçamento dos glóbulos vermelhos.
Continue a leitura e saiba mais sobre a dor na anemia falciforme, compreenda porque esse sintoma acontece e conheça suas formas de tratamento.
A doença falciforme é a doença genética de maior prevalência no mundo. No Brasil, ela ocorre em um a cada 1200 nascimentos e representa um problema grave de saúde pública. A doença caracteriza-se pela presença e pelo predomínio da hemoglobina S (HbS), uma hemoglobina mutante.
A anemia falciforme é a manifestação mais frequente e grave da doença. Trata-se de uma doença hereditária caracterizada por uma alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, que torna seu formato semelhante ao de uma foice. Tais células têm sua membrana alterada e rompem-se com maior facilidade, provocando anemia.
A condição incide predominantemente sobre pessoas negras. No Brasil, representa cerca de 8% da população negra, mas devido à miscigenação histórica do país, qualquer indivíduo, independente de etnia, sexo ou cor, pode ter a anemia.
A dor crônica da anemia falciforme é ocasionada pela falta de fluxo sanguíneo para determinadas regiões corporais. As hemácias com formato de foice podem se aglomerar e provocar um entupimento na corrente sanguínea do indivíduo, denominado crise de vaso-oclusão. As dores crônicas intensas são provenientes da destruição do tecido que sofreu a interrupção do vaso sanguíneo.
A dor crônica na anemia falciforme possui uma duração variável, de 3 a 6 meses ou mais, pode ser muito intensa e progressiva, e provocar debilitação física e mental no paciente.
As crises dolorosas surgem repentinamente e podem ocorrer várias vezes ao ano, prejudicando significativamente a qualidade de vida do indivíduo. Correspondem à principal causa de internação nos pacientes adultos de anemia falciforme.
A dor atinge com maior frequência os ossos e as articulações, mas pode se manifestar em qualquer parte do corpo. O paciente pode sentir dores intensas nos ombros, quadris, joelhos, tornozelos e no abdome.
Os pacientes de anemia falciforme devem ser acompanhados por uma equipe com vários especialistas no tratamento da condição ao longo de toda a vida. É responsabilidade da equipe médica orientar o paciente e os seus familiares, prevenir e tratar adequadamente as crises dolorosas, e identificar rapidamente os sinais de gravidade da doença.
O controle da dor crônica se dá através de terapias medicamentosas, que variam de acordo com a intensidade da dor, classificada em uma escala de 0 a 10. Em casos mais graves, o tratamento inclui medicações mais potentes no alívio da dor, como a morfina.
Os cuidados incluem terapias domiciliares com analgésicos, anti-inflamatórios e/ou codeína, e as doses são prescritas pelos especialistas conforme o nível da intensidade da dor.
Nos casos em que não há resposta ao tratamento domiciliar dentro de 24 horas ou o paciente apresenta algum sinal de alerta, este deve ser encaminhado imediatamente para tratamento hospitalar. Quando o especialista julga necessário, alguns pacientes permanecem internados para que haja um controle adequado da dor.
Quando o tratamento medicamentoso não oferece resultados no controle das crises dolorosas, pode haver indicação médica para a realização de procedimentos minimamente invasivos, como o bloqueio de nervos.
Não existe um padrão absoluto de tratamento para a dor crônica provocada pela anemia falciforme: é importante ressaltar que a conduta deve ser individualizada, de acordo com o quadro clínico e as particularidades de cada paciente.
O especialista responsável pelo acompanhamento e tratamento da dor crônica de pacientes com anemia falciforme é o médico neurologista. A indicação da terapia adequada depende diretamente da avaliação do médico que acompanha o paciente.
Em alguns casos, há participação do neurocirurgião no tratamento por meio de técnicas de neurocirurgia funcional.
Viver com a doença falciforme pode ser difícil. As pessoas que sentem dor com frequência podem ter problemas com ansiedade e depressão. Elas podem se sentir excluídas das coisas que os outros gostam por causa de sua condição. Esses sentimentos podem se somar a outros problemas que a doença pode causar.
Se você se sentir estressado, triste ou sobrecarregado, aconselhamento ou psicoterapia podem ajudar. Falar sobre seus problemas com um profissional de saúde mental pode ajudá-lo a encontrar maneiras confiáveis e saudáveis de lidar com a dor e outros desafios da doença falciforme.
Além disso, pergunte ao seu médico sobre grupos de apoio onde você pode se conectar com outras pessoas e famílias que vivem com doença falciforme. Juntos, você pode compartilhar como é a vida com a condição e obter conselhos sobre alívio da dor e outros desafios.
Artigo Publicado em: 16 de maio de 2018 e Atualizado em 14 de outubro de 2022
Última data de revisão: quinta, 21 de novembro de 2024