Dor Crônica Aumenta o Risco de Demência em Idosos

Dor Crônica Aumenta o Risco de Demência em Idosos

Dor Crônica Aumenta o Risco de Demência em Idosos. A dor crônica é um problema crescente e afeta grande parte dos idosos que vivem sozinhos e até 85% daqueles em instituições de assistência. Um estudo realizado em colaboração com membros da Divisão de Geriatria da Universidade da Califórnia, São Francisco, confirmou a influência da dor crônica no aumento do risco de demência em idosos. Os resultados foram publicados no JAMA Internal Medicine, apontando que as pessoas mais velhas com dor persistente apresentam queda mais rápida na memória, à medida que envelhecem.

Neste artigo, saiba mais sobre a realização deste estudo e suas descobertas.

Como a Dor Crônica Aumenta o Risco de Demência em Idosos

A dor crônica pode afetar a função cognitiva de várias maneiras. Aumenta os níveis de hormônios do estresse, que podem afetar as estruturas cerebrais envolvidas na saúde cognitiva. A dor crônica também pode desviar a atenção, dificultando a execução de tarefas cognitivas e de memória. E a dor crônica pode interferir na qualidade do sono, o que é importante para a função cognitiva ideal. Além disso, existem aspectos psicológicos e psiquiátricos relacionados à dor crônica.

Como o Estudo Foi Realizado

Os pesquisadores analisaram dados de 10 mil participantes com mais de 60 anos, durante um período de 12 anos. Foram realizadas entrevistas com 2 anos de intervalo, em que os participantes responderam questões relacionadas a dor e cognição.

A dor persistente afetou 10,9% dos participantes e foi associada com piores sintomas depressivos e mais limitações nas atividades da vida diária. Após o ajuste covariável, a dor persistente foi associada a um declínio da memória 9,2% mais rápido, em comparação com aqueles sem dor persistente, demonstrado por meio de queda nos resultados dos testes de função de memória.

Após 10 anos, esse declínio acelerado da memória implicou um risco relativo de 15,9% maior de incapacidade de administrar medicamentos e um risco relativo 11,8% maior de incapacidade de gerenciar as finanças de forma independente.

Compreendendo os Resultados do Estudo

As pessoas que sofrem de dor crônica tendem a diminuir a capacidade de atenção, tendo a memória prejudicada. O estresse emocional de estar com dor também ativa as vias de estresse e hormônios que implicam no declínio cognitivo. A pesquisa ainda indica três possíveis razões para a associação entre dor crônica e demência:

  • Um aumento no uso de analgésicos, como os opioides;
  • A experiência da dor que, de alguma maneira, compromete a capacidade cerebral de codificar memórias e outras funções cognitivas;
  • Algum outro fator que não foi analisado no estudo;
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Mas, segundo os cientistas, os achados continuam clinicamente relevantes, porque a dor poderia ser usada como marcador para aumentar o risco de declínio cognitivo futuro, mesmo que a base biológica da associação ainda não esteja esclarecida.

Os pesquisadores também relataram que estas pessoas são mais propensas a ter demência anos depois, uma indicação de que a dor crônica pode, de alguma forma, estar relacionada a alterações no cérebro, que contribuem para a progressão da demência.

Além disso, pessoa portadoras de quadros depressivos, que sabidamente são associados a quadros de dores crônicas, quando permanentes por tempo prolongado, resultam em redução do volume cerebral, com piora do desempenho cognitivo.

Em relação ao uso de opiáceos, um estudo recente sobre sofredores de dor crônica descobriu que aqueles que tomaram drogas anti-inflamatórias não esteroides, como o ibuprofeno, tiveram quase o mesmo risco aumentado de demência que aqueles que tomam opioides.

O Impacto da Dor Crônica na Cognição

Até uma em cada três pessoas idosas sofre de dor crônica. Assim, entender a relação entre dor e declínio cognitivo é um primeiro passo importante para encontrar formas de ajudar essa população. Além de dor, esses pacientes comumente são afetados por distúrbios depressivos, que sabidamente são associados à atrofia cerebral.

Os resultados deste estudo apontam para a necessidade de pensar sobre como proteger as pessoas mais velhas contra o declínio cognitivo, pois o risco de demência em idosos é uma realidade.

Sabemos que as pessoas idosas precisam continuar estimulando sua cognição para permanecerem independentes. Mas não podemos negar a existência de condições, como a dor persistente, que podem interferir na sua disposição diária para seguir esta recomendação.

Para estes casos, medir a intensidade da dor e tratar efetivamente esse sintoma poderia proteger a cognição. É válido lembrar que a dor crônica tem tratamento. Portanto, esta causa para o aumento no declínio de memória pode ser evitado.

O controle do quadro depressivo, mesmo após já iniciada a redução do volume encefálico, reverte as perdas volumétricas, resultando em melhora cognitiva, revelando a importância de uma abordagem global do pacientes portadores de dor crônica, com abordagem tanto da dor quanto do sofrimento decorrente dessa situação.

O que Pacientes e Médicos Podem Fazer

Pacientes com dor persistente, preocupados com a cognição, devem considerar pedir aos médicos que avaliem o declínio cognitivo e a demência. Se houver sinais de declínio cognitivo, existem opções como lembretes de medicamentos ou outros auxílios cognitivos e talvez terapia física ou ocupacional, que pode ajudar pacientes mais velhos a realizar tarefas físicas e cognitivas. O cérebro parece responder bem ao ” exercício cerebral ” e isso pode beneficiar a consciência cognitiva geral do paciente.

Tratar alterações cognitivas é muito desafiador, e tratar a dor é ainda mais desafiador. Não temos opções perfeitas de tratamento para nenhum dos dois problemas. No entanto, é importante estar ciente da associação entre dor e mudança cognitiva. Assim como reconhecer que pessoas com dor persistente correm maior risco de declínio cognitivo.

Mesmo aqueles pacientes que continuam com sintomas dolorosos e podem estar sofrendo um declínio cognitivo mais rápido como resultado, ainda podem ser ajudados com terapia física e ocupacional e técnicas de atenção plena (mindfulness), que visam abrandar o impacto emocional da dor crônica.

Quando estas abordagens não apresentam resultados, a Neurocirurgia Funcional pode entrar em cena, com técnicas como a Estimulação Cerebral Profunda, ou o implante de Bomba Intratecal. Como neurocirurgião especialista em dor, o Dr. Victor Barboza pode lhe ajudar a definir o tratamento mais indicado para o seu caso.

Referência: JAMA Internal Medicine

Artigo Publicado em: 30 de outubro de 2017 e Atualizado em: 23 de dezembro de 2019

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Última data de revisão: quinta, 25 de abril de 2024