Terapia Cerebral para Distonia. A distonia é um distúrbio do movimento caracterizado por contrações musculares involuntárias que levam a posturas anormais em diversas partes do corpo, incluindo mãos, pés, pescoço e até mesmo os olhos. Esta condição afeta a qualidade de vida dos pacientes, dificultando atividades cotidianas e causando dor. Felizmente, a terapia cerebral, em particular a Estimulação Cerebral Profunda (DBS), tem se mostrado um tratamento eficaz para muitos pacientes com distonia.
A Estimulação Cerebral Profunda, também conhecida como DBS (do inglês Deep Brain Stimulation), é uma abordagem cirúrgica inovadora para o tratamento da distonia. Aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em 2003, a DBS tem se tornado um procedimento padrão para pacientes com distonia que não respondem bem a outras formas de tratamento, como medicamentos e toxina botulínica.
Uma das principais vantagens da DBS sobre os procedimentos cirúrgicos ablativos, como a palidotomia e a talamotomia, é que a DBS é reversível e ajustável. Os pacientes submetidos a DBS não correm o risco de danos cerebrais permanentes, comprometimento da fala, deglutição ou déficits cognitivos, que podem ocorrer com procedimentos ablativos bilaterais. Além disso, a DBS pode ser realizada bilateralmente com segurança, o que é essencial em casos de distonia generalizada.
Pesquisas mostram que o momento em que a terapia com Estimulação Cerebral Profunda é iniciada desempenha um papel crucial nos resultados clínicos dos pacientes com distonia. Um estudo publicado no Journal of Neurology analisou retrospectivamente os registros de 44 pacientes com distonia primária que foram submetidos a implantes bilaterais de DBS no núcleo pálido.
Os resultados deste estudo revelaram que os pacientes obtiveram os melhores resultados quando começaram a terapia de DBS mais cedo após o diagnóstico da doença. Isso sugere que iniciar o tratamento antes do desenvolvimento de contraturas musculares e deformidades fixas pode permitir uma melhora funcional mais significativa à medida que a distonia progride.
Além disso, a idade dos pacientes no momento da cirurgia também influenciou o tempo necessário para alcançar a melhor resposta clínica. Pacientes mais jovens e com menos tempo de duração da doença tendem a experimentar ganhos clínicos mais rápidos, enquanto pacientes mais velhos podem precisar de mais tempo para atingir seu benefício potencial. No entanto, mesmo os pacientes mais velhos podem ver melhorias graduais ao longo de vários anos com o tratamento de DBS.
O estudo envolveu 44 pacientes com distonia generalizada, com idades variando de 10 a 59 anos e uma média de duração da doença de 15 anos. Os pacientes foram divididos em três grupos com base em idade e duração da doença, e foram avaliados ao longo de um período de três anos após a cirurgia de DBS.
Os resultados do estudo mostraram que todos os pacientes experimentaram uma melhora geral na função motora após a cirurgia e ativação do dispositivo. A capacidade de controlar os músculos e os movimentos melhorou significativamente em um ano, com ainda mais ganhos observados após três anos.
Além disso, a maioria dos pacientes reduziu significativamente o uso de medicamentos prescritos durante o tratamento de DBS. Isso destaca a eficácia da terapia cerebral no controle dos sintomas da distonia.
A Estimulação Cerebral Profunda envolve a implantação de condutores elétricos no cérebro e um gerador de pulso elétrico localizado próximo à clavícula. O estimulador é programado por um controlador remoto portátil para modular os sinais nervosos anormais que causam as contrações musculares descontroladas da distonia.
A correta colocação cirúrgica do dispositivo de estimulação e a programação precisa e individualizada são essenciais para o sucesso do tratamento. É importante destacar que a terapia com DBS não é exclusiva para distonia, sendo também eficaz no tratamento de distonia cervical refratária à medicação, síndrome de Meige e distonia tardia.
A terapia cerebral para distonia, especialmente a Estimulação Cerebral Profunda, oferece uma nova esperança e avanços significativos no tratamento dessa condição neurológica desafiadora. Com resultados encorajadores oferecendo aos pacientes a possibilidade de melhorar a qualidade de vida e aliviar os sintomas motores e a dor associada a essa condição. Os resultados clínicos sugerem que o início precoce do tratamento é fundamental para obter os melhores resultados a longo prazo, embora pacientes de diferentes idades possam se beneficiar com a terapia de DBS.
A terapia cerebral para distonia oferece esperança para aqueles que sofrem com essa condição, melhorando sua funcionalidade e proporcionando uma melhor qualidade de vida. É essencial que os pacientes considerem essa opção de tratamento e busquem orientação de um neurocirurgião especializado em distúrbios do movimento para determinar a adequação do procedimento ao seu caso específico.
Artigo publicado em: 13/12/2016 e atualizado em: 24/11/2023
Última data de revisão: quinta, 21 de novembro de 2024