O tratamento de diversas doenças do sistema nervoso central alcançou um enorme avanço com a introdução das técnicas de Estimulação Cerebral Profunda. Casos considerados refratários agora possuem uma nova opção de terapia. A neuromodulação no tratamento de distúrbios psiquiátricos é um exemplo de como a técnica pode apresentar resultados satisfatórios.
Veja neste artigo mais informações sobre a estimulação cerebral profunda no tratamento da depressão.
A estimulação cerebral profunda funciona como um marca-passo, mas é utilizada no cérebro, e não no coração. Essa técnica exige a inserção cirúrgica de um pequeno condutor, chamado eletrodo, permanentemente no cérebro. O eletrodo oferece um impulso de baixo nível que ajuda a regular o humor.
Os tratamentos de neuromodulação podem ser realizados de forma não invasiva, ou seja, sem cirurgia, através da pele, ou de forma invasiva, envolvendo um procedimento cirúrgico. Algumas estruturas profundas e pequenas, alvos de alguns tratamentos de neuromodulação, só podem ser atingidas de forma precisa pela via cirúrgica, devido à maior precisão desta técnica.
O termo psicocirurgia abrange todos os procedimentos cirúrgicos realizados no cérebro para tratar distúrbios mentais.
A psicocirurgia remonta aos tempos pré-históricos. As técnicas não tinham uma base científica completa. Frequentemente, a cirurgia era imposta às pessoas e os resultados – todos irreversíveis – variavam tremendamente, desde leves mudanças na memória ou na capacidade intelectual até fatalidades.
A psicocirurgia continua sendo realizada, mas as técnicas evoluíram fortemente. Hoje, os procedimentos são completamente diferentes.
Nos métodos atuais, apenas quantidades muito pequenas de tecido cerebral são destruídas pelo calor ou pela radioatividade. Os riscos de efeitos colaterais são menores e os pacientes devem dar um consentimento plenamente informado para o tratamento.
A Psicocirurgia é uma das indicações recentes para Estimulação Cerebral Profunda (DBS, em inglês) que tem registrado maior desenvolvimento, mesmo sendo considerada como último recurso.
Atualmente, pacientes com doenças psiquiátricas de gravidade considerável, que não alcançam resultados satisfatórios com o tratamento clínico, estão sendo encaminhados para tratamento cirúrgico de Estimulação Cerebral Profunda.
Essas modalidades terapêuticas utilizam os princípios de neuromodulação, que consiste na aplicação de corrente elétrica de baixa intensidade, de forma contínua ou em ciclos, em variadas frequências, de modo a modular a atividade de uma determinada estrutura nervosa, de forma inibitória (bloqueando) ou excitatória (estimulando), dependendo do objetivo do tratamento.
Esta estimulação é realizada com eletrodos muito finos, que são implantados nos alvos pretendidos, através de pequenos orifícios no crânio. Esta técnica é relativamente simples e amplamente utilizada por neurocirurgiões funcionais no tratamento dos distúrbios do movimento, como a doença de Parkinson e, mais recentemente, em certas formas de Epilepsia e Dor Crônica.
Este procedimento é apropriado apenas para pessoas com depressão grave, cujos sintomas não respondem à medicação.
A indicação da cirurgia depende da regulamentação do conselho regional de medicina do estado onde será realizada. No caso de São Paulo, além do consenso de refratariedade de tratamento clínico entre a equipe de saúde mental que segue o paciente (psiquiatra e psicólogo), o paciente tem que ter esgotado outros tratamentos não-cirúrgicos (como a eletroconvulsoterapia para os casos graves de depressão).
Além disso, será convocada uma equipe pelo CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), composta sempre por um neurocirurgião, um neurologista, um psiquiatra e um profissional não médico da área de saúde mental, que não tenha relação com a equipe médica que assiste ao paciente e nem com o próprio paciente, para uma avaliação independente, a fim de confirmar que a cirurgia será o melhor tratamento.
As perturbações psiquiátricas que mais estão sendo beneficiadas pela técnica são o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), a depressão maior refratária e casos de comportamento com agressividade incontrolável, geralmente alcançando uma melhora significativa dos sintomas em cerca de 60% dos casos.
É importante considerar que os pacientes com depressão que apresentam um quadro refratário, ou seja, não correspondem ao tratamento medicamentoso, precisam considerar outras opções de tratamento antes de ter a indicação da estimulação cerebral profunda, como a neuromodulação não invasiva e a eletroconvulsoterapia.
O último degrau nessa escalada de procedimentos, quando nenhum dos anteriores teve uma resposta satisfatória, seria a estimulação cerebral profunda.
Esses procedimentos atuam como um elemento a mais nas abordagens terapêuticas destes pacientes. No entanto, as demais terapias, medicamentosas e não medicamentosas (como a psicoterapia), continuam tendo um papel imprescindível para a melhora do paciente.
Artigo publicado em: 29/06/2017.
Artigo atualizado em: 12/08/2019.
Última data de revisão: s�bado, 23 de novembro de 2024