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Dor crônica após AVC é um sintoma comum que pode ser facilmente ignorado e mal compreendido devido às suas características variáveis, aos problemas médicos concomitantes ou às deficiências na comunicação. O efeito da dor na recuperação de pacientes que sofreram um AVC pode afetar substancialmente sua qualidade de vida futura, dificultando a participação na reabilitação.

Este artigo tem como objetivos apresentar e esclarecer as principais síndromes dolorosas que acometem pacientes que sofreram acidente vascular cerebral para auxiliar no diagnóstico e no tratamento.

A Dor Crônica Após AVC

Um em cada 10 pacientes que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofre de dor crônica e debilitante, tipicamente descrita como “uma dor afiada” ou “uma queimação”. A dor após acidente vascular cerebral é comumente relatada, mas, muitas vezes, incompletamente gerenciada, o que impede a recuperação ideal do paciente. Isso se deve, em parte, à natureza da dor pós-AVC e à sua presença limitada nas discussões atuais sobre o tratamento do AVC.

As principais condições específicas que afetam pacientes com dor pós-AVC incluem:

  • Síndrome de dor central após acidente vascular cerebral (CPSP);
  • Síndrome de dor complexa regional (SDRC);
  • Dor Associada à Espasticidade;
  • Dor por Subluxação do Ombro Hemiplégico.

Cada desordem apresenta suas próprias características, que exigem abordagens específicas para tratamento e compreensão.

Síndrome de Dor Central após AVC (CPSP)

A CPSP é uma forma de dor neuropática causada por dano ou disfunção no sistema nervoso central. Normalmente, começa dias ou semanas após um acidente vascular cerebral.

Os pacientes podem experimentar hiperalgesia (reação anormalmente dolorosa a um estímulo doloroso) ou alodinia (dor em resposta a um toque leve, contato com roupas ou lençóis, correntes de ar, etc.). A alodinia é relatada em dois terços dos pacientes com CPSP.

Síndrome da Dor Regional Complexa (SDCR)

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A síndrome dolorosa regional complexa, por vezes referida como distrofia simpático-reflexa, é uma condição caracterizada por dor em queimação, aumento da sensibilidade à estimulação tátil e alterações vasomotoras, incluindo edema e alterações na temperatura e cor da pele.

Idade, sexo, lado de envolvimento e causa do AVC não mostram predisposição à SDCR, porém fatores como pior recuperação funcional do paciente aumentaram significativamente o risco.

A teoria clássica afirma que a SDCR é o resultado da hiperatividade local do sistema nervoso simpático. Isso é apoiado por dados que mostram uma alteração na regulação da temperatura entre os membros afetados e não afetados em pacientes com a síndrome.

Outros mecanismos têm sido propostos, incluindo a sensibilização da via sensorial somática, a hiperativação das respostas inflamatórias e a queda na oxigenação sanguínea.

Dor Associada à Espasticidade

A espasticidade é uma contração involuntária – e, muitas vezes, dolorosa – dos grupos musculares, que ocorre devido ao excesso do reflexo de estiramento. Pode ser vista com lesões no sistema nervoso central, que incluem insultos do neurônio motor superior, e é comumente vista no AVC como uma sequela a longo prazo.

A prevalência de espasticidade após o acidente vascular cerebral pode ser bastante variável e foi relatada em 17% a 43% dos pacientes, três a 12 meses após um acidente vascular cerebral.

Uma das consequências devastadoras da espasticidade é o desenvolvimento de contraturas. Nesse estágio, o corpo e o tendão do músculo encurtaram-se em função da hiperatividade crônica e o membro pode ter se tornado irreversivelmente não funcional. Embora a espasticidade possa estar presente na ausência de dor, as contraturas costumam ser bastante dolorosas. Além disso, os membros espásticos e imóveis apresentam um risco aumentado para a quebra da pele, o que pode gerar mais complicações dolorosas.

Dor por Subluxação do Ombro Hemiplégico

Quando um membro hemiplégico é deixado sem suporte, forças externas podem causar um estresse extra naquela articulação, levando à subluxação. O membro mais comumente envolvido em síndromes de dor pós-AVC é o braço na articulação do ombro, provavelmente devido aos efeitos da gravidade. Isso, geralmente, ocorre durante os estágios iniciais da recuperação do AVC, quando o membro está flácido e deve ser cuidadosamente monitorado no ambiente de internação aguda.

A prevenção da subluxação deve ser considerada em todos os pacientes hemiplégicos e começa com o suporte adequado do membro, enquanto o paciente está na cama ou em tratamento fisioterapêutico.

A subluxação do ombro é apenas uma das muitas complicações potencialmente dolorosas da hemiplegia específica da articulação do ombro. O termo dor no ombro hemiplégico tem sido amplamente utilizado para descrever a dor no ombro em pessoas com AVC, incluindo subluxação, alterações sensoriais, desequilíbrio muscular e capsulite adesiva, bem como CRPS e espasticidade.

Tratamento da Dor Crônica Após AVC

Os tratamentos medicamentosos de primeira linha para a dor crônica após AVC incluem:

  • Amitriptilina (um antidepressivo);
  • Gabapentinoides (anticonvulsivantes).

O tratamento de segunda linha inclui:

  • Opioides (como o tramadol);
    Outros anticonvulsivantes (como lamotrigina e carbamazepina).

Se os medicamentos não funcionarem, uma terapia não invasiva chamada estimulação magnética transcraniana (TMS) deve ser considerada. A TMS envia pulsos curtos de campos magnéticos para o cérebro.

Os pacientes que não respondem de forma satisfatória ao tratamento medicamentoso, porém apresentam resposta ao TMS, podem ser considerados candidatos ao tratamento cirúrgico definitivo. Os tratamentos envolvem a inserção de eletrodos na membrana que cobre o cérebro (estimulação do córtex motor) ou no próprio cérebro (estimulação cerebral profunda).

A dor crônica após AVC é tratável. O reconhecimento da síndrome por si só pode ser tranquilizador para o paciente, mas o acompanhamento do médico especialista em dor é fundamental para se alcançar o objetivo do tratamento.

Mais Informações sobre este assunto na Internet:

Artigo Publicado em: 25 de fevereiro de 2019 e Atualizado em: 05 de agosto de 2022

3 Comentários

  1. Cleuva disse:

    Pelo amor de Deus, faz dois anos que a minha mãe sofreu AVC,e desde então ela chora noite e dia com dor no braço. Nós moramos no interior do Estado do Pará. Eu não sei o que fazer pra ajudar a minha mãe, eu preciso que alguém nos ajude ela é idosa mais ela tem direito de não ficar sofrendo dó.Por favor alguém me ajude. Ela não andar e nem fala .

  2. Marlene Lial de Freitas Rodrigues disse:

    A 6 anos tive um AVC isquêmico e não suporto as dores na perna e no braço

  3. Juliana disse:

    Minha mãe teve aneurisma. Sofre de dores de cabeça terríveis , vai passa em consultas sempre e nenhum desses remédios q é indicado que li acima resolve

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Última data de revisão: quinta, 21 de novembro de 2024