A espasticidade consiste em um aumento no tônus muscular e contrações involuntárias, não controladas e repetitivas dos músculos esqueléticos. A espasticidade se apresenta como sintomas do neurônio motor superior em pacientes com patologias do sistema nervoso central, como acidente vascular cerebral, lesão da medula espinhal, lesão cerebral ou esclerose múltipla.
Como resultado, um paciente pode ter dor significativa e mobilidade limitada, o que pode levar à diminuição da qualidade de vida e à dificuldade em manter o cuidado pessoal. Neste artigo, abordamos os mecanismos, indicações, eficácia e efeitos colaterais dos tratamentos da espasticidade que atualmente são mais utilizados.
As opções de tratamento atualmente disponíveis incluem medicamentos orais e procedimentos intervencionistas, além da terapia física.
As medicações orais compreendem agentes de ação central, como baclofeno, clonidina e tizanidina, bem como anticonvulsivantes, tais como benzodiazepínicos, gabapentina e dantrolene de atuação periférica.
Em geral, os agentes orais são mais baratos a curto prazo e mais fáceis de usar, mas apresentam efeitos sistêmicos indesejados, que podem superar seus possíveis benefícios. Ao mesmo tempo, esses medicamentos sistêmicos podem ser melhores para pacientes com espasticidade generalizada.
Apesar do tratamento da espasticidade fundamentar-se em medicamentos administrados como infiltrações ou por via oral, há casos em que estas intervenções não surtem os efeitos desejados. Nestas situações, estão indicados procedimentos cirúrgicos que visam a melhoria da condição biomecânica, adequação do posicionamento e maior eficiência da movimentação em geral.
Os procedimentos intervencionistas incluem injeções focais de toxina botulínica, fenol ou álcool e uma bomba de baclofeno intratecal. Tratamentos cirúrgicos incluem rizotomia dorsal seletiva e neurectomia.
A capacidade de recuperar a funcionalidade muscular, comprometida pela espasticidade, está relacionada a diversos fatores. A fisioterapia é de extrema importância para a reabilitação neurológica, inclusive para a espasticidade. Isto porque, a partir da região cerebral não afetada, os tecidos residuais e suas conexões com a área lesada restauram e reorganizam a rede neural para recuperar a função.
A reabilitação funcional, por meio da fisioterapia, proporciona ao paciente um ambiente rico em estímulos sensoriais, cognitivos e motores. As novas demandas ou formas de exercício sugeridas fazem com que essas redes neurais criem representações de novos movimentos ou fortaleçam os já existentes.
Sendo variável em cada paciente, geralmente os sintomas dependem da localização do distúrbio neuromuscular, sua gravidade e tempo de instalação. Entretanto, é certo que a espasticidade pode dificultar as atividades diárias que exigem um controle motor adequado, e comprometer a qualidade de vida do paciente. Veja a seguir os principais sintomas deste aumento anormal do tônus muscular:
Em pacientes com maior grau de comprometimento, a espasticidade pode dificultar até mesmo os cuidados básicos, como:
A espasticidade pode ser incapacitante. Pode ser desencadeada a qualquer momento através de uma variedade de estímulos. Fatores externos como constipação, infecções do trato urinário e úlceras por pressão podem exacerbar a espasticidade e seus sintomas. A condição também pode ter sequelas funcionalmente limitantes e dolorosas, incluindo diminuição da mobilidade articular, diminuição da flexibilidade muscular e distúrbios do sono decorrentes da obstrução das vias aéreas.
Enquanto a espasticidade é muito debilitante, é passível de terapias medicamentosas e não medicamentosas. O objetivo do tratamento da espasticidade é atenuar esses sintomas para permitir que os indivíduos vivam com o mínimo possível de desconforto e restrição, sem um número significativo de efeitos colaterais.
É válido considerar que músculos espásticos não tratados levam a deformidades ósseas e alterações nos mecanismos articulares. Contudo, uma avaliação minuciosa do caso deve ser realizada para que a indicação cirúrgica promova resultados satisfatórios ao paciente. Não deixe de conversar com o seu médico sobre essas abordagens terapêuticas.
Artigo publicado em: 28/04/2017.
Artigo atualizado em: 03/06/2019.
Última data de revisão: quinta, 28 de mar�o de 2024