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As sequelas resultantes de um AVC, geralmente, envolvem alterações motoras e sensitivas, capazes de prejudicar diversas funções do paciente. Entre elas, a espasticidade após AVC é um incômodo que causa dor e comprometimento da função sensório-motora.

A espasticidade é uma complicação comum após um acidente vascular cerebral, mas muitas pessoas lidam com sintomas de espasticidade em graus variados após um AVC.

Continue a leitura deste artigo para compreender o que sabemos atualmente sobre porque a espasticidade ocorre após um AVC, os sintomas mais comuns e como a condição é tratada.

Fisiopatologia da Espasticidade Após AVC

Espasticidade é um termo utilizado para definir a exacerbação da contração muscular. Essa condição resulta em adaptações na morfologia muscular, prejudicando o desempenho funcional do sistema locomotor, assim como de músculos adjacentes e articulações, que também são prejudicados.

Para entender melhor porque um AVC pode causar espasticidade, é importante saber como funciona o sistema nervoso. Para fazer coisas como cumprimentar um amigo ou estender a mão para amarrar os sapatos, seu cérebro precisa se comunicar com o resto do corpo. Seu cérebro se comunica usando células nervosas, chamadas neurônios, que viajam ao longo de vias nervosas localizadas no cérebro e na medula espinhal.

A espasticidade ocorre quando há uma interrupção da comunicação entre o cérebro, os músculos e os nervos na parte superior dos músculos responsáveis ​​pelo controle dos movimentos. Como resultado, seus músculos podem se contrair quando deveriam estar relaxados. Geralmente, a espasticidade ocorre quando o córtex cerebral (uma região do cérebro que ajuda a controlar o movimento) ou o tronco cerebral (que ajuda a conectar o cérebro à medula espinhal) é danificado após um AVC. A espasticidade também pode ocorrer após outras causas de danos cerebrais, incluindo certas condições neurológicas, como esclerose múltipla e paralisia cerebral.

A espasticidade não instala-se imediatamente após o AVC. Inicialmente, ocorre perda do tônus, ou seja, uma contração muscular – denominada paralisia flácida – caracterizada pela perda do movimento voluntário.

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Nesse estágio, nenhuma resistência é oferecida pelos grupos musculares quando o alongamento é aplicado. Essa condição pode durar de apenas algumas horas a muitas semanas, dependendo do quadro. A partir de então, o tônus muscular passa a aumentar gradualmente e começamos a perceber os primeiros sinais da espasticidade.

Complicações da Espasticidade Após AVC

Aproximadamente 40% dos pacientes que sofreram AVC podem apresentar espasticidade e ter sua qualidade de vida afetada pelo impacto negativo que a condição promove tanto em sua rotina pessoal quanto familiar.

Entre as complicações que esse aumento anormal do tônus muscular pode trazer estão a dificuldade para mobilizar articulações, a perda de controle dos movimentos voluntários, o posicionamento anormal dos membros que foram afetados pelo problema, a dor e os espasmos musculares, além de deformidades ósseas e articulares.

Nos pacientes que apresentam maior grau de comprometimento, cuidados básicos, como higiene pessoal ou vestir-se, também podem tornar-se mais difíceis.

A espasticidade e essas complicações são relativamente comuns após um acidente vascular cerebral devido à menor amplitude articular, maior dor e menor sensibilidade no braço provocados pelo aumento do tônus muscular.

E como a espasticidade vai se instalando gradualmente, essas complicações passam a ser mais severas, normalmente um ano após o evento.

A Espasticidade Após AVC Pode ser Tratada?

A espasticidade não tem cura, mas uma combinação de terapia física e ocupacional, juntamente com medicamentos, pode ajudar a reduzir os sintomas. Os planos de tratamento são individualizados e podem incluir exercícios, ajuda médica, como andadores, e formas modificadas de realizar tarefas.

Às vezes, medicamentos, como injeções de toxina botulínica, são incluídos em um plano de tratamento de espasticidade para ajudar a relaxar os músculos. As injeções, geralmente, fornecem alívio por cerca de três meses e são mais eficazes no tratamento de apenas algumas áreas espásticas.

Procedimentos Intervencionistas

Apesar do tratamento da espasticidade fundamentar-se em medicamentos administrados, como infiltrações ou por via oral, há casos em que essas intervenções não surtem os efeitos desejados. Nessas situações, estão indicados procedimentos cirúrgicos que visam a melhoria da condição biomecânica, adequação do posicionamento e maior eficiência da movimentação em geral.

Os procedimentos intervencionistas incluem injeções focais de toxina botulínica, fenol ou álcool, e uma bomba de baclofeno intratecal. Tratamentos cirúrgicos incluem rizotomia dorsal seletiva e neurectomia.

Oportunidades como essas podem ajudar a minimizar a dor, a função prejudicada e outras repercussões da espasticidade, e devem ser aproveitadas.

Um acidente vascular cerebral é um evento que muda drasticamente a vida e o desenvolvimento de espasticidade pode tornar a recuperação ainda mais desafiadora. Mas o tratamento certo pode fazer uma grande diferença na sua qualidade de vida.

É válido considerar que músculos espásticos não tratados levam a deformidades ósseas e alterações nos mecanismos articulares. Contudo, uma avaliação minuciosa do caso deve ser realizada para que a indicação cirúrgica promova resultados satisfatórios ao paciente. Não deixe de conversar com o seu médico sobre essas abordagens terapêuticas.

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Artigo publicado em: 13/12/2016 e atualizado em: 26/05/2023

 

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Última data de revisão: quinta, 21 de novembro de 2024