Epilepsia e Gravidez. Quando se fala em epilepsia e gravidez, uma dúvida muito frequente é: o diagnóstico de epilepsia interfere no sonho da mulher que deseja ser mãe?
A resposta é não. Estudiosos afirmam que mulheres epilépticas apresentam a mesma probabilidade de engravidar e dar à luz recém-nascidos vivos que as mulheres sem epilepsia.
Continue a leitura para saber mais sobre a relação entre epilepsia e gravidez, e os cuidados necessários para aproveitar cada momento dessa experiência.
Existem muitos mitos que rondam as mulheres com epilepsia referentes à sua probabilidade de fertilidade, ao tempo que levam para engravidar e às taxas de recém-nascidos vivos. Através de pesquisas, observou-se que todos esses fatores são idênticos quando equiparados às mulheres sem epilepsia.
Estudos antigos sugerem que a taxa de natalidade em mulheres epilépticas é baixa, de apenas 36% em relação ao restante da população. O que esses estudos não levaram em conta foi a escolha das mulheres sobre engravidar.
Como as mulheres epilépticas são comumente desencorajadas a engravidar, a baixa taxa de natalidade deve-se aos fatores sociais e às tomadas de decisão por parte das mulheres, e não às questões biológicas ou ao fato de não poderem engravidar.
Mais de 90% das mulheres epilépticas têm uma gestação normal e filhos saudáveis. Entretanto, seus riscos de complicações na gravidez e no trabalho de parto são superiores aos da população em geral. Por isso, alguns cuidados especiais são necessários durante a gestação de mulheres com epilepsia.
Felizmente, a frequência das convulsões diminui ou permanece a mesma na maioria das mulheres durante a gravidez.
No entanto, em 15% a 30% das mulheres pode haver um aumento na frequência das crises, mais frequentemente no primeiro ou terceiro trimestre.
O aumento da frequência de convulsões não é previsível pelo tipo de convulsões que a mulher tem, há quanto tempo ela tem epilepsia ou mesmo pela presença de convulsões em uma gravidez anterior. Mesmo tendo epilepsia catamenial, convulsões que ocorrem com o ciclo menstrual, não prediz se a mulher terá mais convulsões durante a gravidez.
Vários fatores foram sugeridos como possíveis desencadeadores dessas convulsões, incluindo alterações hormonais, retenção de água e sódio, estresse e diminuição dos níveis sanguíneos de medicamentos antiepilépticos.
Não dormir o suficiente e não tomar os medicamentos prescritos podem ser os fatores mais importantes que as mulheres com epilepsia podem controlar, além de consultar seu neurologista durante esse período.
Mas há boas notícias! As mulheres sem convulsões nos 9 meses anteriores à gravidez têm uma chance muito alta de permanecer sem convulsões durante a gravidez!
Apesar da alta probabilidade de uma gestação sadia, a gravidez das mulheres epilépticas deve ser cuidadosamente programada e acompanhada em prol de minimizar os riscos de complicações tanto para a mãe quanto para o feto.
As complicações gestacionais para a mãe epiléptica e para o bebê incluem o aumento de crises epilépticas, problemas de saúde no bebê decorrentes do uso materno de medicamentos para controle da doença, descolamento da placenta, sangramentos, etc.
A gravidez de mulheres epilépticas deve ser programada com até um ano de antecedência, preferencialmente. Neste período, o médico neurologista deve acompanhá-la, rever seu tratamento farmacológico e verificar a necessidade de manutenção do medicamento ou da dose.
Qualquer alteração no tratamento farmacológico deve ser feita antes do início da gestação a fim de evitar que o feto sofra os impactos da mudança. Se possível, diminuir a dose dos medicamentos ou alterar a medicação para outra menos nociva são medidas positivas que podem minimizar os riscos de complicações à saúde do bebê.
Há um pequeno risco dos medicamentos antiepilépticos originarem prejuízos às saúdes física e cognitiva do bebê: eles podem determinar malformações no feto e alterações cognitivas e comportamentais, incluindo:
Contudo, jamais interrompa o uso de uma medicação ao saber que está grávida: as crises epilépticas não-controladas da mãe oferecem riscos muito maiores à saúde do bebê do que a ingestão de qualquer medicamento. A recomendação dos especialistas é manter o acompanhamento durante toda a gestação e ficar sempre de olho em relação à otimização da dose.
Ou seja: o tratamento medicamentoso deve ser mantido durante toda a fase de gestação e pós-parto. O risco que os medicamentos para controle da epilepsia oferecem é preferível em relação ao efeito nocivo que pode decorrer de crises maternas não-controladas.
O parto de gestantes epilépticas é considerado de risco e, por isso, deve ser realizado em hospitais adequados. O tratamento farmacológico não deve ser interrompido.
No período de amamentação, a medicação deve ser mantida. Como todas as mulheres, as mães epilépticas também devem amamentar seus filhos. A única recomendação é intercalar o peito com o uso da mamadeira, uma vez que a falta de sono e o cansaço podem aumentar a ocorrência de crises da mulher.
Caso você note que seu filho apresenta agitação ou sonolência excessiva depois de mamar, fique atenta: pode ser que o medicamento de epilepsia esteja interferindo no comportamento do bebê através do leite. Diante de qualquer dúvida, não deixe de consultar um neurologista.
Caso você venha apresentando crises convulsivas frequentes mesmo após o parto, a orientação dos médicos é redobrar os cuidados com o bebê a fim de evitar que ele se machuque diante da ocorrência de uma crise epiléptica da mãe caso não haja ninguém por perto. Confira as seguintes recomendações:
Tomando as precauções necessárias, a mulher epiléptica pode sim ser mãe, ter uma gravidez sadia e dar à luz a uma criança saudável. Não desencoraje-se, não deixe de lado seu sonho de ser mãe. Marque uma consulta com um neurologista e obtenha as recomendações necessárias para dar início a uma gravidez segura.
Artigo Publicado em: 27 de junho de 2018 e Atualizado em: 31 de março de 2023
Última data de revisão: domingo, 15 de dezembro de 2024