Neurocirurgia Funcional nas Doenças Neurodegenerativas – O campo da Neurocirurgia tradicionalmente se concentra na identificação e eliminação de Doenças no Cérebro e na Coluna. Mais recentemente, no entanto, os neurocirurgiões fizeram importantes contribuições para o tratamento de distúrbios neurológicos funcionais.
A estimulação cerebral profunda (DBS) tornou-se uma modalidade terapêutica bem estabelecida no tratamento de alguns distúrbios do movimento e também pode ter um papel importante no tratamento de certas condições neuropsiquiátricas.
Continue a leitura e aprenda sobre as doenças que podem ser tratadas com a neurocirurgia funcional.
Pacientes portadores de Doenças Desmielinizantes estão predispostos a sofrer lesões nas mais diversas regiões do sistema nervoso central (medula e encéfalo).
Além dos déficits de força e de sensibilidade, que são as manifestações mais comuns das lesões, os pacientes estão predispostos a sofrer complicações de funcionamento da zona lesada, que podem se manifestar como episódios de dor ou de distúrbios do movimento.
A neurocirurgia funcional é um campo crescente usado para tratar efetivamente condições neurológicas, como:
O procedimento também tem aplicações em uma ampla variedade de outras condições neurológicas, incluindo:
Conheça a seguir algumas das doenças neurodegenerativas que podem ser tratadas com a neurocirurgia funcional.
80% dos pacientes que apresentam lesões medulares evoluem com quadros dolorosos, sendo que 50% deles terão dores relacionadas diretamente ao funcionamento aberrante da medula. É o caso das chamadas dores neuropáticas – dores que manifestam-se geralmente em queimação ou em choque, associadas à alterações da sensibilidade.
Além dos quadros dolorosos, estes pacientes estão predispostos a sofrer uma alteração do tônus muscular, denominada espasticidade, que além de causar posturas incômodas prejudiciais à mobilidade, pode ser dolorosa.
Como sempre, o tratamento inicial nos casos de dor e distúrbios do movimento é o medicamentoso.
Quando não há resposta adequada com a medicação via oral, há a possibilidade de um tratamento neuromodulatório eficaz (em casos selecionados) nessas duas complicações previamente citadas: o implante da bomba de infusão de fármacos intratecal.
Entre as vantagens deste procedimento sobre a medicação via oral, destacam-se duas: quando a medicação é administrada pela via intratecal (no líquor que envolve a medula) a medicação é mais efetiva, permitindo a ingestão de uma dose menor com um efeito mais potente.
A outra vantagem é o fato da medicação ser infundida numa velocidade constante e contínua, o que elimina os efeitos colaterais do pico de absorção da medicação e a perda de efetividade quando vai chegando à próxima dose (como ocorre na medicação via oral).
Pacientes que possuem lesões no encéfalo
além de estarem predispostos a complicações como dor e espasticidade, apresentam um risco maior de desenvolver outros quadros de Distúrbios do Movimento, tais como tremores e distonias.
Como sempre, o tratamento inicial é Medicamentoso; os procedimentos cirúrgicos são reservados exclusivamente para casos refratários.
Aos pacientes que sofrem de Espasticidade, o mesmo Tratamento dos casos de lesão medular é válido:
A infusão intratecal de fármacos.
Nos casos de dor Neuropática central pós-lesão encefálica, o tratamento diferencia-se dos casos de lesões medulares.
Por apresentar um mecanismo diferente na origem da dor, estes casos podem ser tratados com eletrodos de estimulação do córtex motor.
Os eletrodos de estimulação do córtex motor funcionam com o princípio de que a região motora do cérebro envia estímulos que bloqueiam as áreas de dor.
Isso é observado em atletas, que ao sofrer um trauma, inicialmente apresentam um quadro doloroso intenso, mas ao retornar para a atividade física, se “aquecem” e apresentam uma melhora da dor no decorrer do exercício.
Uma maneira eficaz de prever se o paciente apresentará alguma resposta positiva à cirurgia é a estimulação cortical transcraniana (estimulação magnética transcraniana – TMS, ou estimulação elétrica transcraniana por corrente direta – TDCS).
Caso o paciente apresente uma resposta positiva, há uma chance de 80% de os resultados à cirurgia de implante de eletrodo de estimulação do córtex motor serem positivos.
Por fim, temos os distúrbios do movimento associados às lesões encefálicas. Doenças desmielinizantes, sobretudo a esclerose múltipla, provocam o comprometimento de conexões entre os núcleos da base e o tronco encefálico.
As manifestações principais são os quadros de tremores (sendo o mais característico o tremor de Holmes), ataxias e distonias.
Estes casos são geralmente refratários ao tratamento medicamentoso, tendo como opção as estimulações encefálicas profundas (DBS).
Existem diversos alvos para o implante do DBS, que variam de acordo com a manifestação clínica; entretanto, o mecanismo de atuação é semelhante.
O movimento corporal necessita de um equilíbrio entre facilitadores do movimento e inibidores do movimento. Quando ocorre uma lesão no encéfalo, esse equilíbrio pode ser afetado, resultando em quadros de distúrbios do movimento (distonias e tremores).
Seguindo este raciocínio, foram desenvolvidas as técnicas de neuroablação dos núcleos da base (baseada na realização de uma lesão no cérebro na área oposta, com objetivo de balancear o sistema).
As Cirurgias com Lesão são irreversíveis e podem resultar em grandes danos quando não alcançam o efeito esperado.
Última data de revisão: quinta, 12 de dezembro de 2024