A dor de cabeça crônica tem uma grande influência prejudicial na vida do paciente, gerando um impacto severo no funcionamento socioeconômico e na qualidade de vida.
Atualmente, estima-se que mais de 140 milhões de brasileiros sofram com algum tipo de dor de cabeça. Quatro em cada 10 pessoas possuem cefaleia do tipo tensional e quase 20% da população sofre de enxaqueca, que configura a sexta doença mais incapacitante do mundo.
Neste artigo, abordamos os aspectos da cronificação da dor de cabeça, os seus fatores de risco e as formas de tratamento.
A dor de cabeça crônica é um termo descritivo e não um diagnóstico em si. É comumente definida como dores de cabeça que ocorrem em 15 ou mais dias em um mês, por pelo menos três meses, e afeta cerca de 4% da população em geral.
Conforme a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, 20% da população adulta tem dor crônica. O pior é que a maioria dessas pessoas não sabe lidar com a dor e tenta resolvê-la se automedicando com analgésicos.
Causa sofrimento significativo com impacto substancial na qualidade de vida de um indivíduo e enorme custo econômico para a sociedade através de consultas sobre deficiência ocupacional e de assistência médica. Em comparação aos distúrbios episódicos da dor de cabeça, é menos responsiva aos tratamentos agudos e preventivos.
Após, em média, três a seis meses de dor persistente, a dor de cabeça passa a ser crônica e a exigir diagnósticos mais especializados, abordando aspectos físicos e psicológicos.
Mas ainda existe uma certa confusão sobre qual a diferença entre dor aguda e dor crônica.
A dor aguda é um sintoma passageiro, que se manifesta diante de algum problema momentâneo e passa quando a causa é resolvida. Já a dor crônica parece não ter uma causa específica e persiste além do tempo razoável para a cura de uma lesão.
Os principais fatores de risco modificáveis para a dor de cabeça crônica incluem o uso excessivo de medicação para a fase aguda da enxaqueca, obesidade, depressão e eventos estressantes da vida. Além disso, a idade, ser do sexo feminino e ter baixa escolaridade também aumentam o risco para o problema.
A fisiopatologia da cronificação da dor de cabeça pode ser entendida como um problema limiar: certos fatores predisponentes, combinados com dor frequente e menor limiar para crises de enxaqueca, aumentam o risco de enxaqueca crônica.
Um estudo publicado em abril deste ano, na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, indica que, além dos fatores de risco já conhecidos para o desenvolvimento da enxaqueca, um dos principais tipos de dor de cabeça crônica, a obesidade e o peso extremamente baixo também podem provocar a doença.
Conforme os pesquisadores, a relação encontrada entre faixas extremas de peso e a enxaqueca é moderada. Isso também acontece com os transtornos bipolares e com a doença cardíaca isquêmica. Ainda não foi totalmente esclarecido como a composição corporal afeta a enxaqueca, mas o estudo abre novas possibilidades de pesquisa.
Cefaleia por uso excessivo de medicamentos é o tipo mais frequente de dor de cabeça crônica, responsável por 90% de todos os casos.
A Cefaleia por uso excessivo de medicação se refere a uma síndrome de dor de cabeça na qual um indivíduo, que já experimentou cefaleia primária episódica, torna-se incapaz de obter alívio adequado da dor com doses normais de medicação. O uso de medicamentos aumenta e, paradoxalmente, contribui para a dor de cabeça.
A crescente gravidade e a frequência dos sintomas da dor de cabeça são, geralmente, os efeitos da “abstinência” de analgésicos usados para tratar enxaqueca ou outros tipos de dor de cabeça primária.
O uso frequente e regular (e, particularmente, o uso excessivo) de medicamentos utilizados para tratar dores de cabeça pode induzir dores de cabeça e aumentar a necessidade do indivíduo de usar medicamentos.
Existem mais de 150 tipos de dor de cabeça e, para cada um deles, há um tratamento adequado, combinando medicamentos com terapias não-farmacológicas.
A dor é um sintoma que está presente em inúmeras patologias. Assim, o seu tratamento é uma área da medicina que abrange uma grande parcela da população. Além disso, engloba todos os profissionais e os centros de saúde, já que a abordagem terapêutica da dor deve ser multidisciplinar. Com o apoio de diversos profissionais que combinam seus saberes, buscamos responder à necessidade do paciente.
Na maioria das vezes, tratando a causa, conseguimos eliminar a dor. No entanto, muitos casos requerem múltiplas abordagens. Iniciar um tratamento para a causa da dor é o primeiro passo, e então, separadamente, tratamos a dor em si. Por esse motivo, é necessário que o paciente seja acompanhado por um médico especialista em dor.
As opções de tratamento incluem medicamentos orais, bloqueio dos nervos com anestésicos locais ou com corticóides, e neuromodulação.
Uma das abordagens terapêuticas para a dor crônica é a estimulação magnética transcraniana. Através de estímulos elétricos e magnéticos excitatórios ou inibitórios, restabelece o funcionamento cerebral, corrigindo a falha que estes pacientes possuem no sistema de modulação que defende o organismo dos estímulos dolorosos. Com o alívio sustentado da dor, o paciente pode praticar exercícios físicos, que são fundamentais para a recuperação em longo prazo.
As dores crônicas geram um grande impacto na saúde das pessoas. Elas duram por mais tempo e são difíceis de combater, já que não possuem somente uma causa. Além disso, depois de vários meses convivendo com a dor, a pessoa modifica a forma como sente a representação deste sintoma. Não mais através da sensibilidade e, sim, por meio de sentimentos característicos de depressão e de ansiedade.
Não sofra sozinho com a dor de cabeça crônica. Deixar de buscar tratamento não resolve o problema e causa sérios danos à saúde, provocando intenso sofrimento físico e psíquico para o paciente e para sua família.
Referência: Mayo Clinic
Artigo Publicado em: 13 de dezembro de 2018 e Atualizado em 30 de julho de 2020
Última data de revisão: domingo, 15 de dezembro de 2024